A chamada humanização dos cães e dos gatos nada mais é do que um modelo de criação adotado por grande parte dos tutores que fazem questão de possibilitar, aos animais de estimação, um tratamento especial dentro do ambiente de convivência. Esse ambiente pode ser um apartamento. Há uns 15 anos atrás, era um absurdo ter um pet em um apartamento. Temos de entender que muitos seres humanos vivem melhor com a presença de um pet, mesmo que seja dentro de um pequeno apartamento. Se o tutor cuida da alimentação, leva o pet para passear e dá carinho e atenção diariamente, não há motivos para achar absurdo ter um animal morando em apartamento. Claro que é preciso observar se o animal incomoda os vizinhos e cuidar da sujeira deles diariamente. Nesse sentido, cada dia cresce o número de tutores interessados em dar mais longevidade e qualidade de vida aos pets por meio de terapias integrativas e alimentação balanceada.

Na Ásia, existe a convicção de que o melhor médico é aquele que cura o paciente usando o alimento. No ano de 400 a.C., o médico grego Hipócrates escreveu que os alimentos e os hábitos de vida deveriam ser a base da medicina.

A alimentação natural para cães é a base da naturopatia veterinária e da medicina ortomolecular veterinária. Quem já se consultou com um desses profissionais na área humana sabe que o aconselhamento nutricional fica em primeiro plano. Eles querem trabalhar com prevenção e proporcionar longevidade, além de colocar em prática a terapêutica nutricional para tratar diversas patologias.

Usar a alimentação para apoiar e ampliar o sistema de defesa ( sistema imunológico) do animal pode reduzir o risco de doenças terríveis que veem acometendo cães e gatos. Pois quando se trata de prevenir doenças em animais saudáveis, nada se equipara a segurança da dieta. Embora já sabemos que os nutracêuticos e fitoterápicos trabalhem regulando os órgão fragilizados, a alimentação segue sendo a base da pirâmide.

O fato é que a grande maioria dos veterinários convencionais é extremamente refratário e contrário a esse tipo de dieta, pois é o tipo de coisa que não se aprende nas Universidades, por isso eles sempre vão acusar a dieta natural por todo e qualquer “problema” que o animal tiver. É mais difícil de achar profissionais que entendam, planejem e recomendem a dieta natural, mas isso está mudando e você já pode encontrar um bom número deles buscando na internet

Cães são mamíferos que pertencem à ordem dos carnívoros, mas a história evolutiva dos cães indica uma dieta mais onívora. Podemos dizer que os cães são carnívoros adaptados e os gatos carnívoros estritos. Isso pode ser observado através da avaliação dos dentes, as duas espécies têm o mesmo número de incisivos e caninos, porém os cães possuem um número maior de molares e pré-molares. Este tipo de dentição está ligado a uma ingestão maior de vegetais e uma dieta mais onívora.

Imunidade

O sistema imunológico defende a saúde e é influenciado pelo intestino. Sendo assim, o intestino tem um papel fundamental na cura de várias doenças e inclusive o câncer. E nós podemos potencializar o sistema de defesa dos animais com os alimentos que eles ingerem. As bactérias saudáveis que residem no intestino se instalam antes do indivíduo nascer.

Quando eu estava na faculdade de medicina veterinária tive uma aula com um imunologista que ensinou-me que o útero de uma fêmea não é esterilizado como muitos pensavam ser. Ele realmente me chamou a atenção ao afirmar que as bactérias saudáveis assim como os parasitas são passados para o feto durante a gestação. Isso me fez entender que a ideia do útero estéril é um equívoco e estava sendo derrubada bem naquela época. Do mesmo modo, o leite que o filhote ingere também não é estéril e influencia na microbiota do animal. E já que a microbiota influência nos genes, muitos animais criados apenas com rações ( contendo transgênicos e micotoxinas), transferem durante inúmeras gerações aquilo que chamamos de genética boa ou genética ruim. Na verdade, a maioria dos animais já nascem com deficiência de vitaminas, em especial a vitamina D, C e a vitamina B12. Muitos vão achar em suas pesquisas que eles sintetizam a vitamina C, porém, dependendo da microbiota e o DNA do animal, eles não terão mais essa capacidade. Por isso é tão importante fornecermos alimentos funcionais e frescos, além de uma suplementação com a vitamina C, assim como as demais vitaminas e minerais que estiverem em falta no organismo do animal.

Suplementação

Toda Alimentação Natural (AN) requer suplementação para suprir nutrientes importantes que podem estar ausentes na dieta do cão ou gato. Mesmo com uma dieta balanceada e até a AN crua com ossos, a suplementação é necessária. A necessidade de suplementar as vitaminas C, D e A e os minerais cálcio, zinco, cobre e iodo são muito importantes. Mesmo a dieta com ossos crus podem apresentar deficiências de vitamina D, E e K2, assim como minerais( zinco, selênio e manganês. Eles devem ser manipulados por um veterinário experiente.

A suplementação do cálcio nas dietas caseiras sem ossos é essencial para saúde não apenas óssea do animal, mas também da saúde como um todo. As duas opções são: a dolomita ( recomendada para quem está fazendo um acompanhamento com um veterinário naturopata) e a farinha da casca de ovos tostadas e moídas.

_{Introdução gradual}

Colocar de uma vez a dose cheia do suplemento na refeição altera repentinamente o cheiro da comida e gera rejeição em cães e gatos mais sensíveis. Consulte a embalagem do produto ou o profissional que orienta a dieta sobre a dose diária a usar. Comece adicionando por dia apenas 1/4 ou 1/5 dessa dose. A cada três dias aumente em 1/4 ou 1/5 essa dose até estar dando a dose cheia. Além de introduzir aos poucos, misture bem o pó ao alimento. Desta forma o suplemento fica bem disfarçado. Misture à porção diária total de alimento ou fracione a dose diária do suplemento em pelo menos duas refeições diárias. Assim uma refeição não fica com um cheiro muito diferente da outra. Disfarce o suplemento misturando-o a um pouco de algum alimento saudável irresistível, como carne moída, sardinha , ovo com gema amolecida ou caldo de ossos.

Tente administrar o suplemento preparado em farmácia de manipulação. O profissional que orienta a dieta do seu animal pode prescrever uma fórmula contendo somente os nutrientes em falta na dieta.

O diferencial da suplementação magistral para cães e gatos

Medicamento magistral é todo medicamento cuja prescrição pormenoriza a composição, a forma farmacêutica e a posologia. È preparado na farmácia , por um profissional farmacêutico habilitado em que seja estabelecida por um prescritor e destinado a um paciente individualizado. O medicamento manipulado pode até mesmo ser a única possibilidade para que o paciente ( cão ou gato) receba o produto medicamentoso de que necessita. Já que a farmácia magistral disponibiliza uma serie de suplementos nutricionais contendo ingredientes ativos muitas vezes não encontrados na linha pet.

Você foi ao médico e ele indicou um tratamento com medicamentos manipulados? Isso está sendo cada vez mais comum na medicina veterinária, tendo em vista as vantagens dos remédios manipulados, também conhecido como magistrais.

Através da manipulação é facultado ao prescritor optar pelo uso da forma farmacêutica que mais o paciente se adeque à via de administração escolhida ou às condições específicas do paciente. É também possível escolher o veículo ou excipiente ideal para pacientes sensíveis a determinado ingredientes presentes na formulação que ocorre principalmente na forma convencional de comprimidos ( ex. conservantes, estabilizantes, flavorizantes, corantes, lactose e açúcar)

_{Quais são as principais diferenças de um medicamento magistral veterinário e de um medicamento convencional e industrializado.}

• O medicamento manipulado em farmácia de manipulação tem como característica principal a sua preparação individualizada, personalizada e feita de acordo com a necessidade de cada paciente. Como exemplo, podemos citar a importância da preparação magistral de determinados fármacos na forma oleosa que seria necessário para as vitaminas lipossolúveis ou na forma líquida no caso de pacientes idosos e com problema de deglutição.
• No caso dos tratamentos com medicamentos industrializados, a pessoa vai até uma farmácia e já compra o remédio de acordo com a doença, Já no tratamento com medicamento manipulado, esses remédios são prescritos de acordo com a condição individual de cada animal.
• A vantagem da prescrição customizada, como o próprio nome diz, é atender diretamente à necessidade daquele indivíduo, atingindo o resultado esperado pelo médico de forma mais rápida e assertiva, baseado em suas características.
• A prescrição magistral permite realizar associações de fármacos que muitas vezes não estão disponíveis no mercado tradicional.
• Através da manipulação é possível resgatar medicamentos que foram descontinuados pelos grandes laboratórios por não serem economicamente viáveis ou interessantes ao mercado farmacêutico. Muitos medicamentos têm sido descontinuados após o vencimento do período de vigência da patente.
• Na farmácia magistral o preparo do medicamento está condicionado à apresentação de uma receita prescrita por um profissional autorizado. Esta situação evita abusos e riscos inerentes da automedicação. A ausência de bula no medicamento manipulado evita o uso indevido das informações para fins de automedicações, condicionando o uso estrito do medicamento em conformidade com as orientações do prescritor.
• Economia em disparada, segundo o Conselho Regional de Farmácia, os medicamentos manipulados são de 30% a 50% mais baratos do que os industrializados, apresentam as mesmas qualidades. e ainda com matéria prima é mais limpa por ter um prazo de validade menor.

Manejo alimentar

Quando o assunto é Alimentação Natural, é importante seguir alguns princípios, preparar no que diz respeito aos horários, já que a última refeição do animal deve ser feita de proteínas e não de carboidratos, e deve ser oferecida preferencialmente até às 19h. A frequência depende da idade, da saúde e da disponibilidade de tempo do tutor, considerando o cenário da evolução alimentar e da transmissão do animal.

Os alimentos frescos e orgânicos possuem enzimas, mas as rações comerciais não contêm enzimas, pois elas são sensíveis ao calor. Em outras palavras, o processo de aquecimento matam as enzimas e outros compostos como os fitonutrientes das folhas e dos vegetais que são responsáveis pela vitalidade dos animais. Alguns nutricionistas concentram-se apenas em nutrientes e calorias, esquecendo que os alimentos crus são os melhores por causa da presença de enzimas e de substâncias bioativas contidas nos alimentos crus. Quanto mais frescos os legumes, verduras, frutas, peixes e ovos, maior será o conteúdo de enzimas.

Os alimentos frescos e crus, por não terem sofrido oxidação, são mais ricos em nutrientes, principalmente as vitaminas do complexo B e a vitamina C. Essas vitaminas são as mais voláteis, pois devido ao estresse provocado por múltiplos fatores, tais como poluição, metais tóxicos, medicamentos alopáticos e doenças, os níveis dessas vitaminas têm baixado consideravelmente. A doença que mais consome vitamina C é a Síndrome de Cushing, muito comum em cães. Além disso, os alimentos frescos contêm micróbios do bem espalhados por toda a sua superfície. O alimento cru em si é um prebiótico e isso auxilia a mobilidade intestinal. Quando o alimento é submetido à pasteurização ou outras formas de processamento os prebióticos são reduzidos em 70%.

Quaisquer melhorias nutricionais que você possa fazer na dieta do seu pet, por menores que sejam, irão melhorar a saúde geral dele. Mesmo que você tenha um orçamento apertado, pode alimentar seu pet com alimentos altamente nutritivos e com preços razoáveis.

Eu incluo sempre nos cardápios dos peludos as ervas aromáticas. O ácido rosmarínico, presente em ervas da culinária apresenta ações antioxidantes e antivirais. Trata-se de um ácido fenólico capaz de prevenir o desenvolvimento de câncer e gordura no fígado. O ácido rosmarínico é encontrado principalmente na sálvia, no tomilho, no alecrim, no manjericão, na hortelã e no óregano.

Quando se pensa em envelhecimento com saúde, é imprescindível considerar a questão dos agentes tóxicos, especialmente os metais tóxicos ( chumbo e alumínio) cuja intoxicação é muito frequente em animais. A disfunção cognitiva em cães tem como principal causa o aumento de metais pesados. Na verdade, em qualquer doença onde se verifica grande quantidade de radicais livres e metais tóxicos potencializam os processos deletérios, causando o aumento da inflamação e da morte celular. Quando a permeabilidade intestinal está aumentada, o que é muito comum em cães e gatos, o intestino permite a passagem de substâncias perigosas para a corrente sanguínea, o que pode causar diversos problemas dermatológicos e outros problemas de saúde. Todos os metais tóxicos podem causar enormes prejuízos ao sistema nervoso. Temos o exemplo do mercúrio, que bloqueia a entrada de B12 no cérebro. O alumínio se fixa em receptores que existem nos centros da memória, bloqueando a ação do magnésio, e com isso temos vários problemas circulatórios e até endócrinos.

O envelhecimento do sistema imunológico é outro fator relevante na medicina veterinária. É muito comum que animais idosos tenham infecções mais frequentes. Isso acontece porque há muitos fatores que concorrem para o declínio da imunidade celular. Com o avanço da idade ocorre a atrofia do timo, uma glândula que amadurece os linfócitos T, os quais garantem a imunidade celular.

Nutrição funcional

  A nutrição funcional nada mais é do que a utilização dos nutrientes presentes nos alimentos com o intuito de corrigir algo que está errado no corpo ou de prevenir que algum problema apareça no seu organismo.

Devido a sua relevância, na nutrição humana, com resultados comprovadamente eficazes, a área de saúde animal também começou a entrar na onda da nutrição e a suplementação funcional, que está ganhando cada vez mais importância na Medicina Veterinária. Neste contexto, profissionais inseridos no mercado veterinário estão voltando cada vez mais a sua atenção aos benefícios da utilização da nutrição funcional na Medicina Veterinária, promovendo pesquisas na área para garantir maior respaldo científico e elaborando suplementos e dietas voltados para a nutrição funcional, com fórmulas mais equilibradas nutricionalmente e princípios ativos de qualidade.

Qual a alimentação natural (AN) ideal para o meu pet? A AN ideal é a crua, porém, existem ressalvas se o animal tiver um histórico de doenças gastrointestinais ou que tenha comido ração por um longo período de tempo. Nesse caso, é preciso passar por uma desintoxicação com o uso de nutracêuticos e uma dieta parcialmente crua. Prioriza-se algumas hortaliças cruas, todas bem trituradas, além de algumas frutas. Já as proteínas de origem animal precisam ser cozidas levemente no vapor ou em água. Depois de um tempo e de algumas avaliações, os animais devem receber AN crua. Essa precaução vai evitar distúrbios intestinais.

Algo importante que todos devem ter em mente é sobre a complementação de cálcio no caso das dietas sem ossos. Pode ser usado a farinha da casca do ovo e ou uma suplementação personalizada pelo veterinário feito em uma farmácia de manipulação. Cozinhar para o seu cão ou gato requer um bom grau de determinação, organização e foco, já que você não vai simplesmente comprar a ração e abrir o saco e servir o seu amigão.

Carboidratos

São as biomoléculas mais abundante na natureza, constituída principalmente por carbono, hidrogênio e oxigênio.

As principais funções dos carboidratos são:

• Fonte de fornecimento de energia;
• Síntese de lipídios; se não houver glicose disponível para a utilização das células, os lipídios serão oxidados.
• Fontes de fibras; a celulose e outros carboidratos indigeríveis auxiliam na eliminação do bolo fecal.
• Regulam o metabolismo proteico, uma quantidade suficiente de carboidratos impedem que as proteínas sejam usadas como fonte de energia, mantendo-se como em sua função de construção dos tecidos.

As folhas, hortaliças, frutas e verduras são os carboidratos indicados nas dietas dos pets. Eu não adiciono nenhum tipo de grãos ou cereais nos cardápios dos cães e dos gatos.

Fontes de carboidratos saudáveis que são oferecidos frescos e crus

• Brotos de alfafa, brotos de repolho- são os mais aceitos e possuem muito fitonutrientes;
• Folhas e verduras ( manjericão, salsinha, coentro, alecrim, tomilho, hortelã, estragão e orégano )
• Legumes ( abobrinha, chuchu e pepino )
• Raízes tuberosas ( beterraba e cenoura )
• Tubérculos ( nabo e batata yacón)
• Frutas ( maçã, banana, melão, manga, melancia, mamão e kiwi )

Fontes de carboidratos que devem ser cozidos ( usados apenas na AN cozida)

• Tubérculos ( inhame, batata-baroa, batata doce)
• Legumes ( abóbora japonesa ou abóbora moranga)

Os tubérculos destacados e alguns legumes como a abóbora devem ser muito bem cozidos e o único que eu vejo que a casca é bem aceita pelo sistema digestório é a casca da batata-baroa.

Proteínas

São macromoléculas orgânicas compostas por unidades básicas conhecidas como aminoácidos. As proteínas de origem animal são biologicamente apropriadas para os cães e gatos.

As principais funções das proteínas são:

• Suporte mecânico ( colágeno) e coordenação motora (miosina);
• Ação enzimática para processamento do organismo;
• Constituintes dos hormônios (FSH, LH, testosterona e tiroxina);
• Síntese de bases púricas e pirimídicas (DNA e RNA);
• Transporte e armazenamento de íons e hemoglobina (hemoglobina);
• Participa da coagulação sanguínea (fibrinogênio e protrombina);
• Componente da estrutura óssea e pelos;
• Formação e manutenção de tecidos sensíveis;

Proteínas usadas na AN

As fontes de proteína animal na alimentação cozida podem ser:

• Frango- frango, peru ou codorna ( moela, coração, peito, coxa, sobrecoxa desossadas)
• Filé de peixe ( sardinha, cavalinha, pescada e anchova)
• Boi ( coração sem gordura, patinho, músculo, coxão duro e lagarto)
• Ovos (galinha, pata e codorna)

Cozinhe as carnes levemente no vapor ou na água, elas nunca devem ser fritadas. Os ovos devem ser cozidos em água levemente, a gema deve ficar mole. De preferência os ovos devem ser orgânicos

As fontes de proteína animal na alimentação crua com ossos são os ossos carnudos que podem ser:

• Frango ( pescoço, pé, sobrecoxa, asa e costela)
• Peru ( aproveitamos apenas o pescoço)
• Sardinha ( inteiras com cabeça e sem vísceras), porém possui pouca estrutura óssea.
• Codornas ( inteiras), porém possui pouca estrutura óssea.
• Pato ( pescoço, sobrecoxa, asa e costela)
• Coelho ( inteiro para cães maiores)

O pescoço deve ser oferecido sem pele, as unhas dos pés devem ser retiradas, a gordura também deve ser removida. O pé de frango é o único que não podemos classificá-lo como osso carnudo, pois é praticamente osso puro, por esse motivo não deve ser oferecido apenas pés na refeição. Os ossos carnudos contêm um pouco de carne- como o nome já indica, os ossos carnudos crus devem ser oferecidos apenas crus, jamais cozidos, pois o cozimento altera a estrutura molecular do colágeno, tornando-os rígidos, podendo ocasionar perfurações gastrointestinais.

Carnes que devem ser oferecidas com moderação ou mesmo nem devem passar pelo cardápio do seu pet

• salmão
• costela
• cupim
• pernil

AN crua com ossos é uma dieta indicada somente para cães e gatos.

As vísceras

A presença diária de um pouco de vísceras na dieta ou 3x por semana previne a anemia e outras deficiências nutricionais.

As vísceras são ricas em vitaminas A,D,E,K e do complexo B e os minerais ( cobre, zinco, magnésio, manganês, sódio, fósforo, ferro e selênio.

As vísceras não-musculares ou seja, vísceras secretoras mais comuns são: pâncreas, rim, fígado e baço. Essas vísceras representam no máximo de 5% a 10% da dieta, pois em maior quantidade, elas podem causar diarreia. Já as vísceras musculares que eu recomendo são: coração e moela e elas podem chegar a 20% da dieta.

As vísceras podem ser cozidas no vapor ou na panela com pouca água e não devem ser bem passadas.

Considerações sobre a higiene das carnes

Após a compra das carnes, congele o mais rápido possível. O Tempo mínimo para o congelamentos das carnes pode variar:

• Carne bovina ou caprina, coelho: 3 dias;
• Aves: 24 horas;
• Salmão ou truta; 7 dias;
• Mexilhão: 72 horas
• Outros peixes: 48 horas;

Lipídios

As principais funções dos lipídios são:

Precursores de vários hormônios

Veículos para as vitaminas lipossolúveis ( A,D,E e K).

Isolante térmico e físico; os lipídios garantem a proteção contra as baixas temperaturas.

Hidratação dos órgãos internos e externos.

Como calcular a quantidade de alimento do cão

Vários fatores interferem no cálculo da quantidade de alimento

• Idade ( cão filhote, adulto ou idoso)
• Raça ( tendência ou não a ganhar peso)
• Porte ( pequeno, médio ou grande)
• Nível de atividade física ( atividade leve ou moderada)

Eu costumo variar com alguns percentuais para cálculos com diferenças da dieta crua e da dieta cozida. A dieta crua exigem cálculos menores ( de 1,5- 3,5%) e a dieta caseira cozida ( de 2 a 6%). Essas variações contam com nível de atividade e tendência ou não de ganhar peso.

Vejamos algumas variáveis

• Porte miniatura ( de 3 até 5kg) 5-6% do peso corpóreo
• Porte pequeno ( de 5 a 10kg) 4-5% do peso corpóreo
• Porte médio ( de 11 a 22kg) 3-4% do peso corpóreo
• Porte grande ( de 23 a 35kg) 2-4% do peso corpóreo
• Porte grande e gigante ( 36- 50kg ou acima) 2-3% do peso corpóreo

As proporções da AN crua recomendadas para cães adultos e filhotes são:

• 25% ou 15% de ossos carnudos
• 35% de carnes desossadas
• 25% ou 30% de vegetais e frutas
• 15% de vísceras ( 5% de fígado e 10% de coração)

Porém esses cálculos podem mudar conforme o caso, a única porcentagem que não deve ser aumentada são a das vísceras no que se refere ao fígado.

Alergia alimentar

Para ser desencadeada uma alergia alimentar em cães são necessários: predisposição genética, hipermeabilidade intestinal, alimento sensibilizante. A alergia alimentar causa a liberação pelo sistema imune de agentes químicos reativos, tais como as citocinas e a histamina, capazes de alterar a função celular, produzindo efeitos em vários sistemas.

Sintomas gastrointestinais podem afetar a maioria dos cães com alergia alimentar, porém outros órgãos são envolvidos na resposta alérgica em especial a pele. Nos processos de desintoxicação que eu desenvolvo é bastante comum o tutor perceber a melhora na pele. Utilizo um modelo bastante estrito de alimentos. Apenas baseado na ingestão de sucos e frutas. Esse modelo torna mais rápido o processo de cura por reduzir a ingestão de toxinas e lipídeos permite eliminar através dos rins e intestino, muitos compostos tóxicos do organismo. Esse modelo alivia rapidamente a maioria dos sintomas relacionados a alimentos reativos. O hiperpovoamento bacteriano e fúngico no intestino delgado favorece a progreção da doença por causar fermentação dos alimentos. Essa má digestão alimentar depleta aminoácidos como a taurina e lisina e minerais como zinco e magnésio. Toda ação inflamatória corresponde a liberação de cortisol e assim pode ocorrer o esgotamento da adrenal.

Métodos para determinar alergias alimentares

Os métodos mais comuns são em primeiro lugar histórico clínico e dietas de eliminação. As dietas de eliminação partem do principio de que a ausência do alimento reativo elimina os principais sintomas.

A alimentação natural do cão filhote

Do desmame até os 3 meses de vida é recomendado oferecer pelo menos 3 refeições diárias aos filhotes. A partir dos 4 meses, 2 ou 3 refeições são suficientes.

Filhotes precisam de maior quantidade de alimentos para crescer e se desenvolver. Pode-se iniciar a alimentação com 7 a 9% do peso corporal do filhote e manter essa quantidade até os 10 meses de idade e a partir daí, a quantidade deve ser reduzida progressivamente. Quando o filhote é de grande porte, eu prefiro montar um cardápio dos 2 meses aos 4 meses de idade depois um cardápio dos 4 aos 6 meses, um outro cardápio dos 6 meses ao 8 meses de idade e mais um cardápio dos 8 meses aos 10 meses. Sempre aumentando a quantidade de alimentos.

Aos 10 meses, pode-se calcular a quantidade de alimentos usando o peso estimado que o cão irá atingir quando adulto. Já que os cães de grande porte crescem até os 21 meses. Esse valor é estimado levando em conta o peso dos pais com o peso padrão da raça, variando se for fêmea ou macho.

A inclusão do sal na AN

O sal é produzido pela terra e consumido pelos seres humanos e tem sua história e manifestação nos mares e oceanos. Comparado ao líquido amniótico da Terra, o sal se abastece dela e contém toda a essência do planeta. Regido pelos elementos água e fogo, o sabor salgado permite que o desenvolvimento neurológico flua como água, mas se encaixando com a proposta do fogo que é ação (facilita toda a mobilidade do corpo).

Saiba escolher o sal que a sua família humana e o seu animal de estimação irão consumir. O sódio é requerido pelas células parietais da parede do estômago para produzir ácido clorídrico para a digestão e também estimula a produção da bílis. O cloreto de sódio distribui-se na maior parte do fluido extracelular, tal como o plasma sanguíneo e é essencial para o equilíbrio ácido-base no organismo, ajudando na absorção do potássio e melhorando a capacidade do sangue de remover o dióxido de carbono.

O sódio faz parte de um mecanismo celular chamado bomba iônica. Trata-se de um mecanismo que serve para manter íntegra as células. Os humanos e os animais precisam de sal não refinado ou adulterado como, por exemplo, o sal marinho integral. Vejamos o seguinte: todo sal que existe no planeta Terra é de origem marinha, contudo, denomina-se sal marinho aquele que é obtido pela evaporação da água do mar. Portanto, tanto o sal marinho como o sal refinado, são do mar. A diferença é o processamento.

O sal marinho industrializado ( sal refinado) ou – sal de mesa – passa por processos mecanizados de lavagem e aditivações (branqueadores e antiaglutinantes). Durante o processo de produção do sal refinado, perde-se 90% dos elementos minerais. Perde-se o enxofre, boro, magnésio, zinco, cobre, silício e outros elementos. Uma das perdas mais importantes é o magnésio. Sabemos que a falta desse mineral favorece a formação de cálculos renais e arteriosclerose. Além desses aditivos, o sal refinado passa por um longo processo de aquecimento que faz com que ele perca todo o valor nutricional.

Já o sal marinho integral e tradicional é artesanal, fresco, orgânico e contém cerca de 84 elementos, incluindo o iodo de fácil assimilação e em quantidades ideais. Até o início do século XX, o sal artesanal era valorizado e bem remunerado. O século da industrialização trouxe o barateamento dos transportes, com isso, esse tipo de sal foi caindo em desuso. Mesmo assim, temos, no Brasil, uma pequena escala de trabalho artesanal na Região dos Lagos – Rio de Janeiro e na Costa do Sal – Rio Grande do Norte. Por desconhecimento das pessoas até mesmo das regiões onde se concentram o trabalho artesanal do sal marinho (integral), escutamos dizer que o sal marinho artesanal é um sal de baixa qualidade por conter muitos minerais. Tudo isso não passa de falta de conhecimento. Assim como o sal refinado, o sal marinho também é formado por cloreto de sódio e obtido a partir da evaporação da água do mar. No entanto, ele não passa pelo processo de refinamento, o que faz com que mantenha os minerais e nutrientes e dispense a adição de outros ingredientes químicos. Por não passar pelo processo químico de refinamento, o sal marinho integral é mais saudável do que o sal refinado.

A principal razão pela qual o sal tem tanta má reputação é provavelmente porque o seu uso é sob forma de sal refinado, já que é um produto que contém quase que exclusivamente NaCl.

Assim, o sal refinado favorece a hipertensão e retenção de líquidos, o que não ocorre com o sal marinho natural. Na natureza, os seres vivos adquirem o sódio dos alimentos naturais sem precisar adicionar nada. Na verdade, se nossos animais vivessem em um ambiente totalmente natural, consumindo apenas alimentos naturalmente frescos e orgânicos, assim como fazem os lobos e os grandes felinos, eles não precisariam de sal algum. Porém, os nossos peludos vivem em um ambiente artificial e, por mais que cuidemos da alimentação deles, esses alimentos já não são os mesmos que os encontrados na natureza. Por esse motivo, a falta de nutrientes nos alimentos requer a adição de sal marinho integral e artesanal.

O sal mais recomendado para nós e para os nossos animais é o sal marinho de Mossoró. Segundo a pesquisadora Conceição Trucom, o sal da Região dos Lagos- RJ contém muita poluição local.

Devemos ter em mente que cada grama de sal contém cerca de 0,4 g de sódio. Um estudo de 2014, publicado no New England Journal of Medicine, descobriu que o consumo de sódio numa faixa saudável é de 3 a 6 g de sódio ao dia. Mas o sal a que me refiro não é aquele sal refinado, os únicos tipos de sal próprios para consumo humano e animal é o sal marinho integral e a Flor de sal.

Flor de sal

Esse tipo de sal, à primeira vista, não parece ser apetitoso por causa da sua aparência úmida e cinzenta. Para animais, recomenda-se 1g de sal para um quilo de alimento.

Sabe-se também que o teor de sódio da Flor de sal torna-se menor do que no sal de cozinha, já que neste sal há quantidades significativas de magnésio, iodo, cloreto de potássio e cálcio, e estes minerais não deixam que sódio aumente desproporcionalmente. Isto pode ser comprovado experimentando os dois tipos de sal. O sal refinado produz uma sensação desagradável, devido à sua elevada concentração de sódio ( isolado) ao passo que uma pedrinha de sal marinho é até agradável ao paladar.

O enigmático sal rosa

O sal-gema (rocha) é retirado de minas afloradas ou subterrâneas, resultantes de mares antigos que secaram. Quando as jazidas afloram, como no caso do sal do Himalaia, tem-se toda a poluição atmosférica (radiações) produzidas por países como China, Rússia e outros. A expressão ” Sal do Himalaia” é puro marketing, pois na verdade esse sal é do Paquistão, já que o Himalaia é uma região.

Até pouco tempo atrás, eu era contrária à introdução do sal na alimentação crua ou cozida dos pets, porém, através de exames de acompanhamento dos meus pacientes, percebi a necessidade do uso de sal de boa qualidade como o sal marinho integral (sal de Mossoró) e a Flor de Sal.

Animais com síndrome de Cushing perdem mais sal na urina, precisando ser reposto. A hiponatremia (falta de sódio) e a hipocalemia (falta de potássio) são comuns em animais idosos, causando desequilíbrio eletrolítico que está associado com a dificuldade de caminhar, insônia e perda de audição.

O consumo de água

A água é o nutriente mais importante da vida. Um animal pode sobreviver após perder quase toda sua reserva corporal de gordura e quase metade da proteína corporal, mas se perder cerca de 10% da sua reserva corporal de água , pode vir a óbito. A perda de água ocorre através da urina, fezes e transpiração. a necessidade hídrica aumenta em condições de alta temperatura, atividade física e situações de perdas extras: leite materno, cirurgias, diarreias. Os cães devem consumir o equivalente a 50 a 70 ml por Kg de peso corporal de água por dia e os gatos cerca de 40 ml por Kg de peso corporal, porém isso seria para os animais que comem ração. Quando eles passam a se alimentar de forma natural, essa necessidade diminui, passando a ser 20ml por Kg de peso por dia, pois nos alimentos frescos há bastante água.

Os gatos consomem pouca água e por esse motivo é essencial que eles consumam água através dos alimentos, portanto os alimentos devem ser preferencialmente úmidos. Mais um motivo para que os gatos comam AN. Já que eles são os que mais sofrem com problemas urinários ocasionais e consumo de ração seca e ingestão de grãos.

A água deve ter um Ph alcalino, uma boa opção e até mais acessíveis são os filtros da Acqualive, pois esses filtros são removidos ou cloro, metais tóxicos e bactérias, já que vem com carvão ativado e coloidal dos filtros. Se não for possível oferecer essa água, um filtro de barro já ajuda bastante. O que não pode é oferecer a água da torneira.

Considerações importantes

_{A dieta paleolítica para cães e gatos}

A dieta paleo é baseada em um protocolo de eliminação de alguns alimentos inflamatórios. Os estudos da dieta paleolítica apontam que alguns alimentos irritam o intestino e podem causar vazamento ( hipermeabilidade). Os alimentos de eliminação incluem todos os grãos, castanhas, sementes, laticínios, vegetais da família das solanáceas ( tomates, pimentão, berinjela, batata inglesa e pimentas) Nem os cães, muito menos os gatos foram desenvolvidos para comer grãos. Quanto as solanáceas são retiradas da dieta , percebo que há uma melhora em animais com problemas articulares e problemas intestinais. Até mesmo as crucíferas não entram nos cardápios que eu elaboro, percebo que causam muita flatulência e estufamento, deixando a digestão prejudicada.

_{Arroz: amigo ou vilão} ?

Este grão aparentemente inofensivo pode trazer graves consequências à saúde dos pets. Os grãos contêm grandes quantidades de antinutrientes, como os fitatos e eles depletam os principais minerais: cálcio, magnésio, cobre, ferro e selênio e se o arroz for integral conterá ainda mais antinutientes, até porque o arroz integral possui inibidores da tripsina que é uma enzima que possibilita a a digestão de proteínas. Se o animal consome arroz integral ( muito comum nos cardápios da atualidade) esses inibidores da tripsina dificulta o trabalho do estômago de digerir proteínas. Esses inibidores das enzimas estão presentes no farelo do arroz integral. . Com o tempo o animal ficará anêmico, com perda óssea significativa e com o sistema imunológico comprometido. Como podemos notar, o nível de micronutrientes do arroz integral é substancialmente menor do que em raízes e frutas. Mas um motivo para você oferecer uma dieta paleolítica para cães e gatos. Eu nem preciso falar que o arroz branco é altamente calórico e possui alta carga glicêmica além de alta contaminação por arsênico.

O consumo de carboidratos é permitido em até 60% mesmo seguindo uma dieta paleolítica, porém somente carboidratos naturais de baixa carga glicêmica, como algumas frutas, legumes e folhas. Mas 60% de carboidratos te pareceu estranho? é que a dieta paleolítica pode variar de 40% a 60% de proteínas no cardápio, e a dieta paleolítica não é a mesma coisa que a dieta cetogênica. Dependendo do estado de saúde do animal, essa porcentagem varia para mais ou para menos. Um animal diabético vai comer zero de carboidrato cozido e comeria 60% de proteínas e o restante de folhas, vegetais crus e algumas frutas.

Cardápio simples

O cardápio não necessita ter muitas variações na refeição do dia, pois muitas substâncias em uma refeição agem com muitas informações com as quais os animais precisam lidar. Uma combinação simples de ingredientes para cada refeição e uma variação semanal, é mais adaptável. Portanto uma dieta paleolítica preserva o organismo do animal de um excesso constante ou de uma confusão de informações.

_{Cada indivíduo é diferente e único.}

Cada animal possui um microbioma, uma genética e uma resposta epigenética particulares. Cada animal metaboliza o alimento de maneira diferente. Esse artigo resume um pouco da minha experiência com a AN de manutenção e a AN terapêutica e com isso vejo que grande parte dos cães e gatos podem reagir a alguns alimentos considerados não tão naturais para eles, porém não resumem a totalidade dos casos. Percebi que em determinada fase da vida de um cão ou de um gato, eles podem responder de forma diferente a esses alimentos considerados por mim não tão naturais.

Como veterinária naturopata e holística, também acredito que as emoções (tanto as nossas quanto as dos nossos animais) são uma causa importante de problemas de saúde.  Na minha experiência, curas completas podem ser alcançadas, mas somente se a causa raiz da doença for identificada e eliminada. O diagnóstico correto, portanto, é muito importante, e uma abordagem sistemática da doença é a chave para resultados bem-sucedidos.

A maioria dos alimentos comerciais para cães e gatos é feita com grãos, pois os grãos são enchimentos baratos. Atualmente há rações que são livres de grãos, mas apesar da rotulagem ter escrito a palavra ” natural ou sem conservantes”, elas não são naturais, e certamente não é o que o pet precisa para ser saudável.

Sabemos que as pessoas interessadas em alimentação saudável para cães e gatos encontram muitas informações publicadas na internet que as vezes são contraditórias. Por isso eu sempre incentivo as pessoas a observarem as reações dos seus animais após a introdução de uma alimento diferente, mesmo entrado como petisco caseiro.

_{Que aquilo que você aprendeu aqui seja um novo começo para a saúde do seu pet e que você possa compartilhar essas informações com as pessoas ao seu redor.}