Modulação intestinal é um conjunto de intervenções aplicadas no trato gastrointestinal com o objetivo principal de reequilibrar a composição microbiana do intestino e restaurar a mucosa, tendo como objetivo a promoção da saúde do paciente.
No caso dos cães, o processo digestivo da mastigação é muito rápido, já que eles sentem o cheiro do alimento de uma forma mais intensa do que os humanos, por isso não necessário uma boa mastigação durante as refeições. A lipase lingual e a pepsina salivar têm ação antes do alimento chegar à boca. A mastigação dos cães não é tão minuciosa quanto a nossa. Muitos cães apreendem o alimento sem mastigar direito e isso não influenciam tanto na digestão deles. Eles não possuem a enzima amilase salivar, aquela que é responsável pela digestão dos carboidratos. Por que a natureza gastaria tempo e energia equipando cães com essa enzima se eles não foram feitos para mastigar bem direitinho os alimentos.
A digestão tem início no estômago do animal onde a presença de ácido clorídrico (HCI) desnatura as proteínas, garantindo uma maior ação das enzimas proteolíticas no intestino delgado. Esta acidez também ativa a principal enzima do suco gástrico, a pepsina, transformando a proteína desnaturada em cadeias de aminoácidos.
A produção do ácido clorídrico.
Uma das disfunções orgânicas mais subavaliada, é uma disfunção capaz de levar a gastrite e a disbiose, essa disfunção é a hipocloridria. Muitos estudos relacionam a hipocloridria a hipermeabilidade intestinal e a alergia alimentar. A diminuição da secreção de ácido clorídrico no estômago ( hipocloridria) pode ocorrer por diversas razões, como o avanço da idade, uso de omeprazol, antibióticos, anti-inflamatórios, corticoides, alimentação processada condimentada, uso de corantes e estabilizantes. A deficiência da acidez gástrica também pode levar a um quadro de deficiência de B12, ferro, cálcio e magnésio. Está aí mais um motivo para deixar os alopáticos bem longe.
Hipocloridria.
A hipocloridria é caracterizada pela diminuição do ácido clorídrico no estômago, o que faz com que o pH fique mais alto ( alcalino). O animal com hipocloridria ao elevar o pH do estômago acaba tendo um hipercrescimento bacteriano ( bactérias nocivas) nos intestinos delgado e grosso as quais interferem na produção de vitaminas e minerais. Já que a maioria dos microorganismos que chegam ao estômago é destruída por seu ambiente ácido.
O ácido clorídrico, além de propiciar o pH ideal para a ação da pepsina, estimula a secreção da bile e das enzimas pancreáticas. Assim que o alimento passa do estômago para o intestino delgado, as enzimas digestivas começam a dissolvê-la , no entanto, quando existe ácido estomacal insuficiente, o intestino delgado não chega a receber o sinal adequado para produzir as enzimas.
Além da hipocloridria provocar a disbiose intestinal, também provoca prurido anal, alergia alimentar, arrotos e inchaços abdominais, presença de alimentos não digeridos nas fezes, queda de pelo e outros sintomas inespecíficos.
O tratamento inteligente da hipocloridria inclui: citrato de potássio, zinco, vitamina A, vitamina D, vitaminas do complexo B, própolis e outros fitoterápicos.
A função do intestino delgado é absorver os nutrientes dos alimentos, mas também há uma importante função que é esquecida pela área médica tradicionalista, que é a excreção de tóxicos ( metais pesados como o chumbo e o mercúrio, expulsando-os para fora do organismo do animal, juntamente com as fezes.
Disbiose em cães
Denomina-se disbiose intestinal a quebra do equilíbrio da ecologia microbiana no intestino, situação capaz de produzir doenças devido à atividade metabólica intensa. A disbiose intestinal inicia com problemas estomacais não corrigidos, a hipocloridria Tenho certeza em dizer que tudo se inicia no estômago, e não no intestino como muitos falam.
A microbiota intestinal possui dois papéis fundamentais. Primeiro, ajuda o sistema imunológico e tem um importante papel protetor de defesa contra os invasores. Em segundo lugar, a microbiota intestinal fornece recursos únicos para a manutenção da saúde. O tubo digestivo abriga a maior massa de tecido imunológico e quando está infestado de formas micóticas causam problemas em qualquer órgão do organismo.
Entre os vários fatores que podem manter um processo inflamatório crônico ou subclínico estão a disbiose intestinal com aumento de fungos que são os maiores causadores de hipersensibilidades alimentares e deficiências nutricionais. O aumento de fungos no intestino altera o sistema imunológico e facilita a infecção de fungos como a Malassezia furfur na pele, causando também queda do pêlo e escamações. Algumas consequências da disbiose leva a má absorção de micronutrientes e inativação da biotina e vitamina D.
Fisiopatogenia da Disbiose
Quando ocorre um desequilíbrio no ecossistema intestinal a mucosa digestiva inflama e perde a junção estreita que existe entre as células que permitem somente a passagem de moléculas simples para a corrente sanguínea, como vitaminas, glicose e aminoácidos. Quando ocorre o aumento da permeabilidade intestinal ( intestino vazado), abrem-se canais por onde toxinas, vírus, pedaços de alimentos não digeridos e bactérias ganham o sangue. Isso atrai a atenção do sistema imune que deflagra processos inflamatórios para combater esses “invasores estranhos”. A consequência desse fenômeno é o aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias, metais tóxicos e radicais livres, prejudicando a função de diversos órgãos, como fígado, coração, pâncreas e tireoide.
O crescimento bacteriano no intestino delgado estimulam outras situações como por exemplo, infestações parasitárias, doenças virais, infestação por fungos , inativação de enzimas digestivas e pancreatite. Quando o animal ingere alimentos o ácido clorídrico é liberado para digeri-lo.
Sintomas da disbiose em cães
- Úlceras na cavidade oral podem sugerir alterações na microbiota intestinal. Alergias e sensibilidade a alimentos também é um parâmetro.
- O paciente com disbiose intestinal com frequência apresenta alterações digestivas como fezes amolecidas ou com muco, apetite desregulado (voraz ou inapetente).
- Perda de peso devido à desnutrição.
- A translocação de elementos reativos para o sangue pode dar origem a hipersensibilidades alimentares (reações a alimentos) e manifestações diversas no tecido cutâneo – ouvidos inflamados, coceira, secreção ocular, glândulas adanais impactadas, proliferação excessiva de leveduras e bactérias na pele.
A questão dos parasitas nos animais
O que é doença? doença é uma alteração dos genes. Mas porque os genes se alteram? por causa das toxinas que entram no organismo através dos alimentos contaminados e água contaminada. E inicia-se o processo de alteração da microbiota intestinal, pois os metais tóxicos deprimem o sistema imunológico intestinal e a quantidade de fungos, vírus, vermes e bactérias eleva-se e começam a tomar conta do corpo.
Apesar da existência de um microbioma necessário à vida humana e à vida animal, a definição de “ parasita” não está em harmonia com o microbima que possuímos nem tão pouco dos cães e gatos. A Dr. Hulda Clark fugiu das teorias modernas sobre as causas de doenças e mostrou a existência de um componente parasitário, principalmente à liberação de toxinas por esses microrganismos, que podem prejudicar o sistema imune e desbalancear todo o organismo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Parasitologia, parasita é o ser vivo de menor porte que vive associado a outro ser vivo de maior porte, à custa de uma dependência deste. Os parasitas aproveitam do hospedeiro o que é favorável a ele ( energia e nutrientes) para se multiplicarem, podendo também perturbar a produção de ácido clorídrico no estômago. Podem ativar genes danosos que não seriam ativados sem a parasitose, portanto algumas consequências dependem da genética de cada indivíduo. Os parasitas não estão limitados ao trato gastrointestinal, eles podem habitar regiões do corpo onde é mais sujo, como fígado, pâncreas, pulmão, órgãos sexuais (piometra) e rim.
Muitas doenças consideradas idiopáticas pela medicina veterinária tradicional são na verdade, de origem parasitária, bacteriana e viral. Portanto, a desparasitação deve ser a base de qualquer terapia usada para combater qualquer tipo de infecção, pois os patógenos atuam em equipe.
Os parasitas danificam a mucosa intestinal, eles produzem substâncias tóxicas com atividade pró-inflamatória e consomem nutrientes vitais, chegando a produzir deficiências nutricionais e o pior de tudo é que nem todo tipo de verme aparece nos exames laboratoriais e por isso muitos animais definham dia após dia doente e nada é feito para acabar com esses vermes.
O tratamento da disbiose inclui dieta (AN) de suporte, nutracêuticos, aminoácidos, minerais e vitaminas. O primeiro passo é retirar os alimentos agressores em seguida reparar o revestimento de toda a mucosa gástrica, realizado por meio de suplementação natural, reestabelecer o sistema digestório com precursores enzimáticos .
Efeitos das drogas imunossupressoras
Corticoides como a prednisona e dexametasona agem diminuindo a produção de substância inflamatórias e reduz a ação do sistema imunológico. O efeito mais comum dos imunossupressores é o aumento do risco de infecções, uma vez que diminuem ação do sistema imunológico para combater vírus, fungos e bactérias. A maioria dos medicamentos alopáticos atualmente utilizados contêm imunossupressores tóxicos.
A penicilina, por exemplo, provoca uma queda do número dos leucócitos, granulócitos e neutrófilos. As tetraciclinas inibem a produção de linfócitos e trombócitos e os analgésicos causam leucopenia ( baixa de glóbulos brancos).
Alergia alimentar em cães
Na grande maioria dos cães e gatos portadores de alergias alimentares tardias, os alimentos podem ser reintroduzidos na dieta após um determinado período de abstinência. Porém existe um grupo de alimentos que devem ser eliminados de forma definitiva, até porque não são alimentos bioapropiados para eles. Alguns desses alimentos são: grãos, frutos do mar e nozes.
Recomendo fortemente, que se você suspeita que o seu animal tenha alguma alergia alimentar, procure um profissional habilitado e experiente no assunto, que poderá orientá-lo a fazer dietas de exclusão e substituição para o seu pet, pois os alimentos além de possuírem vitaminas, minerais, proteínas e gorduras, são ainda acionadores de genes e atuam como alimentos funcionais e estas funções são essenciais para uma vida saudável.
Artrite e doenças musculares
Muitas doenças inflamatórias articulares e musculoesqueléticas permanecem como doenças de etiologia indefinida e as terapias convencionais acarretam efeitos colaterais indesejáveis. Existem algumas evidências de que micoplasmas, parasitas, bactérias e viroses podem ser agentes causadores de reações inflamatórias em articulações. A candidíase intestinal em cães e gatos tem uma relação muito frequente com as alergias alimentares e estão relacionadas a má absorção de nutrientes. Os fungos intestinais ainda são pouco comentados em estudos na medicina veterinária, porém alguns exames laboratoriais já comprovam que há essa infestação de fungos no intestino dos cães e dos gatos em alguns casos. A cândida ao contrário do pensamento geral das pessoas , não se origina na mucosa vaginal, e sim no intestino em desequilíbrio ecológico. E esse desequilíbrio não ocorre apenas no intestino dos humanos, os cães e gatos sofrem de infestações fúngicas principalmente na pele ou causando otite externa fúngica.
Dermatite atópica
Existem estudos clínicos que correlacionam alergias alimentares com a dermatite atópica e os alimentos correlacionados são: ovos, soja, leite, frutos do mar e as plantas solanaceas e crucíferas, além das leveduras que contaminam os alimentos. Tá aí um bom motivo para retirar a ração do animal, pois as rações contêm leveduras e micotoxinas, por isso até mesmo rações tida como ” hipoalergênicas ” são potencialmente alergênicas. Já que todos os ingredientes usados no preparo devem ser considerados como alimentos separados, não há como fazer uma separação ou fazer um dieta de exclusão nas rações. Nas rações definitivamente não há como não ter conservantes, palatabilizantes, estabilizantes e aditivos.
A oferta de alimento industrializado com corantes e conservantes e alto teor de carboidratos simples e contaminado com toxinas fúngicas e resíduos de herbicidas (como o glifosato) afeta a população bacteriana. A aplicação automática, muitas vezes desnecessária de vacinas, antipulgas convencionais e medicamentos como corticoides, também são causas da disbiose e das alergias alimentares.
Infelizmente a forma como somos orientados a cuidar dos nossos pets atenta diretamente contra o seu microbioma. O curioso é que somos induzidos a pensar que os cães são totalmente diferentes dos humanos em vários aspectos. Mas esquecem que a bioquímica e a contaminação seja por alimentos como a ração (cheias de fungos e micotoxinas) é mesma para o humanos e que as doenças crônico degenerativas são as mesmas dos humanos. Fico imaginando os humanos se alimentando de rações armazenadas durante meses com múltiplos ingredientes processados e repletos de palatabilizantes e aromatizantes. O ser humano logo apresentaria vários problemas de saúde e o papel de um médico de verdade seria orientá-lo a mudar a dieta. E que médico seria esse ? sabe aquele médico que entende de bioquímica e que estuda nutrologia ? Conhece aquele livro ” Lugar de médico é na cozinha” ? pois um médico de verdade é assim. Esse é futuro não muito distante de uma medicina humana e também veterinária.
Abordagem no artigo bem esclarecedora sobre a flora intestinal e o que remédios químicos podem fazer a ela
Material bastante útil e esclarecedor. Parabéns para quem elaborou o estudo.